Charlotte Lisboa

Sobre a Artista

Quando eu era criança, minha mãe me deu uma parede do nosso apartamento onde eu poderia desenhar e pintar o que eu quisesse… eu adorava aquela parede! Quando adolescente, meus cadernos sempre tinham desenhos e figuras ao lado das anotações. O fato de ter crescido na Bahia, no Brasil, com paisagens inspiradoras, e na presença de pessoas com perfil livre e sensual, terminaria tendo uma grande influência sobre a minha criatividade. Contudo, por ter vindo de uma família de médicos e professores, a possibilidade de exercer uma profissão artística nunca tinha sido uma opção considerada por mim. Eu fui estudar nos Estados Unidos e me formei na George School na Pensilvânia. Depois disso cursei Psicologia e Química na Universidade de Miami e me formei com um Bacharelado em Artes. Continuei os estudos na escola de medicina, com um mestrado em saúde pública e epidemiologia.

O meu amor pela arte surgiria novamente depois de visitar os museus de Paris, principalmente o Louvre e o museu D’Orsay. Paris parecia diferente desta vez: a atmosfera, a linguagem, a riqueza da cultura. Alguma coisa especial despertava dentro de mim naquele momento, talvez sob a influência da minha ascendência francesa.

Como hobby, comecei a fazer aulas de arte com Roberto Salazar e a pintar paisagens e retratos, estudando e copiando os grandes mestres como Velázquez, Degas, Sorolla, Sargent e Klimt. No momento em que descobri o que eu era capaz de produzir, decidi conhecer alguns artistas contemporâneos que eu admirava. Participei de uma série de workshops e conferências com diferentes artistas como Richard Schmid, Jeremy Lipking, Daniel Gerhartz, Scott Burdick, Mary White, Jacob Collins e David Leffel, entre outros.  Participei de mostras e de aulas com modelos vivos, o que me mostraria a maneira correta de desenhar e pintar em um ambiente com iluminação controlada, incluindo aulas com Casey Baugh, Alfonso Bonilla e Stephen Balmen da Academia de Florença. A partir desse ponto, a minha paixão pela arte avançou aceleradamente. Foi então que resolvi entrar para a Academia Romero Hidalgo, onde o meu trabalho passaria a progredir ainda mais rapidamente com um treinamento em desenho acadêmico durante o dia e desenho de modelo vivo à noite. Era isso! Eu estava encantada! Tinha passado a produzir uma quantidade tal de desenhos, retratos e pinturas que o espaço do meu estúdio já não mais comportava todo o volume. Era como se fosse um vício. Que felicidade! A minha paixão na vida tinha sido encontrada! !

Olhando retrospectivamente, percebo hoje que todas as experiências que tive na vida até agora repercutiram fortemente nas minhas escolhas e na pessoa que eu me tornei. Sinto que o meu trabalho conta uma história sobre a vida, a vida das pessoas que eu desenho ou pinto, com suas expressões, posturas, olhares, ou um pensamento. Inconscientemente, eu também expresso elementos do meu caráter que talvez não tivessem sido revelados de outra maneira. Para mim, meu trabalho fala mais alto do que palavras, é como uma linguagem universal, uma linguagem que todos podem entender, bastando para isso, um olhar com sensibilidade.